sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Mais sonhos estranhos

Eu e meus sonhos! Agora mais esquisitos do que nunca.... eu sempre tenho sonhos aflitos, angustiantes, por melhores que sejam. Mas estas últimas noites têm sido estranhas.
Primeiro, sonhei que estava andando com meus pais e minha irmã numa rua de comércio. E daí? Bom deixa eu explicar:
Para começar, meu pai não anda em rua de comércio. Se for muito necessário, ele passa correndo, passos largos, para chegar logo à loja onde ele for comprar algo, compra e vai embora. Ele sofre, não gosta, parece que dá uma síndrome do pânico nele e ele precisa sair daquele ambiente o quanto antes.
Minha mãe, fica incomunicável. Também concentrada naquilo que ela veio comprar ou no que ela vê de interessante, não dá para andar devagar, conversando. E se meu pai estava junto, ela estaria preocupada com o que ele estaria pensando e implicando com os possíveis pensamentos dele.
Eu e minha irmã. Parece tudo normal? Não, não é. Eu ainda tenho um irmão e, porque ele não estaria neste sonho? Porque se ele estivesse, ele seria o centro das atenções.
Enfim, este foi um sonho muito estranho, pois caminhávamos calmamente, conversando, rindo, sem peso, sem culpa, sem sofrimento.... todos compreendiam um ao outro e ninguém se sentia cobrado a fazer nada. Simplesmente passeávamos.

No outro sonho, este voltado ao lado profissional, além de arquiteta, eu tinha a loja e mais um hotel. Mas a loja e o hotel estavam no começo e ainda não davam dinheiro, ou seja, era como arquiteta que eu ganhava mais. Eu tinha que encontrar um terreno para o cliente, encontrei 2 e precisava escolher entre eles. Escolhi um que tinha outra arquiteta interessada, mas consegui fazer negócio antes e comprar o terreno. Tempos depois, estava num grupo, talvez uma empresa, com a outra interessada no terreno, que me chamou de compradora de imóveis, ou coisa assim. Respondi que também era arquiteta e não tinha culpa dela ser formada numa universidade fundo de quintal e só sabia fazer desenho.
Fui cuidar dos meus outros negócios, buscar uma toalha para o hotel com um amigo (que estava presente na ocasião da briga com a outra arquiteta). O amigo falou: você só vai pegar uma toalha? Não vai dar nem para o cheiro.... e os outros hóspedes?
Ri e respondi, que outros hóspedes? Eu ainda estou começando e só tenho um hóspede. Bem que eu queria ter mais e não precisar trabalhar como arquiteta e ficar ouvindo besteira.

Bom, este foi fácil: uma imagem da vida real, com a diferença que eu pude mandar a idiotinha para aquele lugar e expressar minha insatisfação conversando com pessoas dotadas de neurônios. Eu disse frases que, diariamente, ficam atravessadas no meu pescoço e se transformam em alergias nas minhas mãos, nos meus pés, dores no meu estômago....

Será que este blog vai virar um blog de sonhos? Nada mal....

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sonhos recorrentes


imagem daqui

Começou uma nova fase nos sonhos recorrentes. Antigamente eu sonhava com escadas. Seja subindo, seja descendo. Às vezes faltava um degrau e eu ia cair quando eu acordava. Essa versão me causava medo na hora das visitas às obras, com aquelas escadas mal acabadas que eu precisava subir. Outras, entrava num labirinto de escadarias tipo M. C. Escher e me perdia e não conseguia sair. Depois, de tanto labirinto M. C. Escher, eu já sonhava que perdia alguém nos labirintos e, como eu já conhecia, ia buscar a pessoa. Na verdade, acho que quando eu cheguei neste ponto, os sonhos foram diminuindo, devia estar resolvendo a questão que causava os sonhos que eu sei lá qual seria.

Agora sonho com ônibus, trem, ponto de ônibus, meios de transporte coletivo.
Às vezes estou esperando um ônibus que nunca passa aí várias coisas acontecem no ponto de ônibus. Às vezes estou dentro de um trem e minha mãe deveria trazer minha filha e ela aparece sozinha dizendo que se esqueceu (e não dá para parar o trem e ir buscar a filha, pânico total). Sem falar em vários outros que eu já esqueci.

Uma certa psicóloga muito séria e conhecida em seu meio falou sobre verificar os sentimentos que os sonhos provocam. Nestes de ônibus, eu me sinto presa, impossibilitada de qualquer atitude. Não posso sair do ponto, senão corro o risco de perder o ônibus, não posso abandonar o trem, as portas já fecharam.... parece que tem mesmo a ver com a fase da vida. Tomei uma super atitude, entrei num trem. Enquanto a estação não chega, vou olhando pela janela sem poder fazer nada, só esperar. Será que vamos chegar bem? Será que todos entraram no trem? Será que posso confiar nas pessoas que estão me ajudando? Não sei. A pergunta causa uma grande angústia e eu nem consigo curtir a viagem.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Problemas na família? Só a bailarina que não tem.

Nas últimas semanas tive uma boa notícia: uma pessoa muito muito próxima que estava numa horrível depressão, aceitou se tratar. Seus pais foram buscá-la onde morava para levá-la para casa, ainda que à força. Trataram de pedir uma licença no seu trabalho e a levaram de volta para casa.
Para mim foi uma ótima notícia, pois é uma pessoa muito importante e eu já tinha feito tudo que estava a meu alcance para tentar ajudá-la, porém, minha posição em sua vida não me permitia fazer mais nada.
Esta pessoa não estava bem há anos e seus pais pareciam estar com alguma dificuldade em aceitar um problema grave a ser resolvido. Não sei se era pura ignorância da gravidade da situação, preguiça de encarar um bicho de sete cabeças, ou medo do mesmo bicho.... não sei e nem quero julgar, isso nunca aconteceu comigo como mãe. Na verdade eu sou uma pessoa bem pessimista, o que me ajuda de certa forma, pois olho para uma situação em seu real ângulo, admitindo que algo horrível possa acontecer. Estou tentando trabalhar esta condição, mas não me permito tapar o sol com a peneira em hipótese alguma. O que não quer dizer que eu nunca vá cair nesta armadilha, espero que não...
O que eu tenho visto é que este não é o primeiro caso no qual os pais são os últimos a perceberem. Tive um amigo que se envolveu com drogas e teve problemas com traficantes e hoje vive fugindo, cada vez que tenho notícias dele está em um lugar diferente. Tudo bem que não tenho notícias dele toda hora, mas o que eu queria dizer é que sua mãe nunca soube o que se passou. Será? Nunca soube ou nunca quis saber? Ou fingiu para ela mesma que não sabia?
Tenho outra amiga que engravidou aos 19 anos e a mãe só ficou sabendo aos 7 meses. Elas moravam na mesma casa e eram muito unidas. Até fizeram caminhada juntas porque a filha estava engordando. Era uma família bem tradicional e engravidar sem casar era um problema grave.
Para quem queremos provar que nossas famílias são perfeitas? É certo que ninguém deve interferir nos problemas da família e que cada família tem seu jeito de resolvê-los. Mas em alguns casos, é assustador como só os pais não percebem como o filho está precisando de ajuda!!!!
Eu acho bom que eu escreva isso aqui para, se um dia acontecer comigo, eu leia e lembre de encarar a questão e encontrar a solução. E sei que não vão faltar ombros amigos neste momento. E espero que, quem passar por aqui reflita um pouco sobre isso e nós, mulheres conectadas, vamos mudar esta condição!

terça-feira, 30 de março de 2010

Dependência doentia

Sempre achei doentia a dependência entre pessoas. Sempre achei bobagem quando dizem "eu te amo e não posso te perder". Sempre achei típico de pessoas fracas depender de outra pessoa para ser feliz.
Sim, ainda acho doentio e muito perigoso. Diz a psicologia que a gente deve se bastar. Ser feliz por nós mesmas e não pelo outro estar ao nosso lado.
Mas quando o outro não está do meu lado.... ah, eu tenho certeza que vou morrer....
Primeiro tento não pensar no assunto, me ocupo o máximo que eu posso com assuntos que não exijam concentração ou criatividade, quanto mais mecânicos, melhor. Mas com o passar do tempo, o peso vai aumentando e vai ficando impossível controlar. A vontade é de se jogar na cama em prantos e de lá nunca mais sair. Isso aconteceria se eu estivesse só. Mas não estou. Pior: estou acompanhada de uma pequena que super depende de mim para ser feliz e até para se manter viva. Então tento me segurar, me controlar para não assustá-la. Se é que eu consigo. As crianças captam nossas fragilidades no ar e sabem exatamente o que fazer para nos ajudar a lidar com isso.
Então tento me equilibrar porque, se eu não fizer isso logo, vou perder de vez a razão. Normalmente, para isso, eu escrevo. (Aqui está o blog que não me deixa mentir).
E quando escrevo, os monstros e fantasmas vêm à luz e não parecem tão assustadores assim. A razão consegue resgatar seu espaço e o que parecia o fim do mundo mostra que existe algo depois.
Primeiro, assumo a dependência e o quanto esta é patológica. Depois, começo a comparar com alguns casais que conheço e vejo que vários também são assim. Vejo que outros não são assim, aliás, o que fica dá graças à Deus que o outro vai e fica livre dele por uns tempos. Mas normalmente, a dependência vem de outros lugares: dos filhos, da igreja, da mãe. Não é nosso caso.
Enfim, se for doença, eu sofro dela e, paciência, a princípio, pelo menos na hora da crise não há o que fazer.
Aceitando e trazendo para a luz, tudo fica mais leve. Algumas lágrimas escorrem e a filha, sabendo o quanto esse momento é meu, se distrai com outra brincadeira lá no quarto. Já estou mais leve, ele vai voltar, não vai sofrer nenhum acidente, tudo vai voltar ao que era antes. Mesmo que ele não volte por alguma fatalidade, eu sobrevivo. E serei capaz de continar sendo mãe.
Agora consigo levá-la no parque, passear, brincar, fazer nosso almoço. Ainda não dá para criar, concentrar, fazer nada muito elaborado, mas dá para brincar rindo sem chorar.
Tudo passa, ele volta. Conto da minha loucura e ele confessa sofrer do mesmo mal. Pergunto se não acha perigoso, ele concorda e concordamos em encontrar grupos e atividades que nos preencham sempre para não ficarmos fechados na nossa família.
E quem se basta e é feliz somente com a própria presença, que jogue a primeira pedra.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sobre maternidade

Mais uma vez eu me segurei... não, não vou falar sobre isso. Mas o assunto não sai da minha cabeça e da tela do meu computador. Mesmo fugindo, ele sempre aparece em outros blogs, em comentários...... então vamos falar logo, para isso que serve o lado B.

Mesmo antes de engravidar, eu já lia muito sobre gestação, parto, amamentação, procurei me informar muito mesmo! O que eu ouvia é que TODAS as mães SEMPRE podem amamentar. Que quando minha geração nasceu, havia uma campanha da Nestle, dizendo que o leite da mãe era fraco para vender mais leite Ninho. Lenda urbana ou não, lembro sim da minha mãe dizendo que seu leite era fraco. Estava decidida! Ia amamentar o máximo que pudesse. O parto ia ser natural e eu ia parar de trabalhar.

Ótimo, engravidei! Marido desempregado, o único salário que pagava as contas era o meu. E eu passava tão mal.... chegava no trabalho e ia direto para o banheiro vomitar. Não conseguia comer nada e perdi uns 3 quilos nos primeiros meses (e aqui não sobra muito para ficar perdendo assim à toa....). No 6º mês, marido já estava trabalhando, mas ainda não dava para abrir mão do meu salário. Então, depois da licença maternidade, eu trabalharia 1/2 período.

E o parto? Elisa sentadinha, não ganhava peso.... 10 dias antes das contas feitas pela obstetra, já deu sinal que estava cansada daquela posição (ufa, eu também não aguentava mais). Doutora, parto natural? Bom, é o seguinte: ela está sentada, então, quando houver dilatação, eu puxo ela com a mão. Se der certo, ótimo, mas ela pode enroscar a cabeça no seu quadril (traduzindo para a linguagem leiga), aí o único jeito é decapitar o bebê para não perder a mãe. Eu tive que fazer isso na minha residência e não gostaria de fazer nunca mais. Ok, você me convenceu, cesária.

Amamentei feliz por 2 meses. Ela ficava horas no peito. Eu não dormia, mal comia (mas ainda estava feliz sim!). No 3º mês, ela chorava de meia em meia hora. Eu ligava para a pediatra, que dizia: ok, se você quer dar complemento, dá, mas se você deixar ela sugando, estimula a produção de leite. Aí começou o horror. Ela ficava sugando o dia inteiro e a noite inteira. Nunca dormíamos, eu mal comia, só filezinho de frango com arroz para não dar cólica. Passava dia e noite sozinha e angustiada vendo aquele bebê fazer tanta força no meu peito e não conseguir mamar (inclusive acho que minha angústia atrapalhava ainda mais a produção de leite).

Nos 4 meses e meio, coloquei na escolinha.... não consegui trabalhar 1/2 período. Ela aprendeu a mamar na mamadeira e ganhou peso assustadoramente rápido. Dormia melhor à noite e era muito mais feliz.

Me senti o pior monstro da face da terra. Deixei minha bebê passar fome por mais de mês. Fora que a pediatra brigava comigo em todas as consultas por eu ter colocado a bebê na escolinha.

Troquei de pediatra (é claro!), eu consultava agora a professora, que me ensinou muito, a cuidar de assaduras, a escolher uma boa mamadeira, me incentivava a deixar ela mamar, mesmo que só 1 gotinha no meu peito, ia ser bom para ela e me ajudava a ficar tranquila. Brincadeiras à parte, voltei para a MINHA pediatra (aquela de quando eu era bebê).

E agora, eu estava acompanhando um blog sobre amamentação, parto natural... e acabei de cancelar a assinatura! Porque eu estava fazendo isso tudo comigo mesma?

Continuo super acreditando que parto natural é muito melhor e leite materno então, nem se fala. Mas está acontecendo um fenômeno oposto! As defensoras do parto e da amamentação estão tentando fazer como a Nestle dos anos 70, bitolar as mães numa verdade que precisamos passar por ela para saber se é nossa verdade! Aliás, não existe somente 1 verdade, cada um tem a sua. Eu sei o quanto eu chorei ao ver minha filha mamando desesperada, quase engasgando com o bico da mamadeira! Não aguento mais essas mulheres cheias de si, impondo o que foi bom para elas (às vezes nem para elas), sem pensar nas consequencias que isso pode trazer!

Aliás, nós, mulheres somos muito cruéis umas com as outras. Adoramos criticar, julgar, culpar as outras mulheres. Quando se trabalha fora, está abandonando os filhos, quando não se trabalha, é dondoca sustentada pelo marido, quando o filho fica doente, a mãe que não amamentou, quando o filho faz birra, a mãe está educando errado, quando passa a tarde no cabeleleiro, é perua, quando o cabelo fica sem corte, é desleixada.

Viva e deixe viver, cada um tem sua verdade. Como eu disse lá no episódio da vizinha, sou muito grata à ela me mostrar como eu não quero viver, não quero ficar criticando ela aqui, mas veja como isso já se tornou uma coisa tãããão comum!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

11 ANOS DE RETRABALHO

Hoje fazem 11 anos que eu comecei no trabalho antigo. De presente, ganhei uma atualização em um desenho que eu já tinha usado, então lá vou eu, limpar as bases, corrigir os blocos nas cores erradas, apagar textos que não são necessários e deixar textos importantes.... trabalho de formiguinha.

Como as escolas técnicas sumiram e você pode fazer arquitetura ou engenharia civil em qualquer fundo de quintal, sobrou para os formados em cursos superiores, principalmente aqueles sem "paitrocínio", o trabalho sujo. Não tem gente capacitada para trabalhar na produção e há um grande desrespeito por parte dos gigantes ultra poderosos por projetistas. Eu poderia dizer que projetistas são tratados como os operários da obra. De jeito nenhum desmerecer os operários da obra, eu que não queria estar no lugar deles comendo poeira o dia inteiro, sem falar nos riscos de acidentes. Mas eu ralei bastante para conseguir a porcaria do diploma universitário e gostaria de ser tratada melhor que sou tratada agora. Não pelos meus chefes diretos, mas pelos gigantes que não se importam em gerar retrabalho, já que o projeto é tão barato para eles.

Tão barato para eles e tão caro para quem contrata o projetista. Posso dizer que minha remuneração é ótima (principalmente morando numa cidade pequena onde os salários são tão baixos...). Isso causa um grande stress psicológico, porque como eu vou deixar isso para fazer craft (aquilo que me dá prazer), se eu posso ganhar muito mais dinheiro, fazendo projeto (aquilo que me faz infeliz).

Ainda quero acreditar que isso é uma fase e quero continuar investindo naquilo que me dá prazer, mesmo que eu tenha que trabalhar (com prazer) muito mais e me divertir (?) muito menos.

E não é que a idéia do Lado B até que está fazendo sucesso.... Não vou divulgar este blog, pois como eu disse lá no começo, é o espaço negro da minha vida e ninguém é obrigado a participar disso, mas acho que todo mundo se sente mais tranquilo quando vê que aquela pessoa não é tão cor de rosa assim....
E o pior é que está tão difícil atualizar o Coisas que eu acabei escrevendo de novo aqui. Vou me esforçar para não deixar o Coisas às moscas, até porque, ele abre as portas para o trabalho que me faz feliz.