terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sobre maternidade

Mais uma vez eu me segurei... não, não vou falar sobre isso. Mas o assunto não sai da minha cabeça e da tela do meu computador. Mesmo fugindo, ele sempre aparece em outros blogs, em comentários...... então vamos falar logo, para isso que serve o lado B.

Mesmo antes de engravidar, eu já lia muito sobre gestação, parto, amamentação, procurei me informar muito mesmo! O que eu ouvia é que TODAS as mães SEMPRE podem amamentar. Que quando minha geração nasceu, havia uma campanha da Nestle, dizendo que o leite da mãe era fraco para vender mais leite Ninho. Lenda urbana ou não, lembro sim da minha mãe dizendo que seu leite era fraco. Estava decidida! Ia amamentar o máximo que pudesse. O parto ia ser natural e eu ia parar de trabalhar.

Ótimo, engravidei! Marido desempregado, o único salário que pagava as contas era o meu. E eu passava tão mal.... chegava no trabalho e ia direto para o banheiro vomitar. Não conseguia comer nada e perdi uns 3 quilos nos primeiros meses (e aqui não sobra muito para ficar perdendo assim à toa....). No 6º mês, marido já estava trabalhando, mas ainda não dava para abrir mão do meu salário. Então, depois da licença maternidade, eu trabalharia 1/2 período.

E o parto? Elisa sentadinha, não ganhava peso.... 10 dias antes das contas feitas pela obstetra, já deu sinal que estava cansada daquela posição (ufa, eu também não aguentava mais). Doutora, parto natural? Bom, é o seguinte: ela está sentada, então, quando houver dilatação, eu puxo ela com a mão. Se der certo, ótimo, mas ela pode enroscar a cabeça no seu quadril (traduzindo para a linguagem leiga), aí o único jeito é decapitar o bebê para não perder a mãe. Eu tive que fazer isso na minha residência e não gostaria de fazer nunca mais. Ok, você me convenceu, cesária.

Amamentei feliz por 2 meses. Ela ficava horas no peito. Eu não dormia, mal comia (mas ainda estava feliz sim!). No 3º mês, ela chorava de meia em meia hora. Eu ligava para a pediatra, que dizia: ok, se você quer dar complemento, dá, mas se você deixar ela sugando, estimula a produção de leite. Aí começou o horror. Ela ficava sugando o dia inteiro e a noite inteira. Nunca dormíamos, eu mal comia, só filezinho de frango com arroz para não dar cólica. Passava dia e noite sozinha e angustiada vendo aquele bebê fazer tanta força no meu peito e não conseguir mamar (inclusive acho que minha angústia atrapalhava ainda mais a produção de leite).

Nos 4 meses e meio, coloquei na escolinha.... não consegui trabalhar 1/2 período. Ela aprendeu a mamar na mamadeira e ganhou peso assustadoramente rápido. Dormia melhor à noite e era muito mais feliz.

Me senti o pior monstro da face da terra. Deixei minha bebê passar fome por mais de mês. Fora que a pediatra brigava comigo em todas as consultas por eu ter colocado a bebê na escolinha.

Troquei de pediatra (é claro!), eu consultava agora a professora, que me ensinou muito, a cuidar de assaduras, a escolher uma boa mamadeira, me incentivava a deixar ela mamar, mesmo que só 1 gotinha no meu peito, ia ser bom para ela e me ajudava a ficar tranquila. Brincadeiras à parte, voltei para a MINHA pediatra (aquela de quando eu era bebê).

E agora, eu estava acompanhando um blog sobre amamentação, parto natural... e acabei de cancelar a assinatura! Porque eu estava fazendo isso tudo comigo mesma?

Continuo super acreditando que parto natural é muito melhor e leite materno então, nem se fala. Mas está acontecendo um fenômeno oposto! As defensoras do parto e da amamentação estão tentando fazer como a Nestle dos anos 70, bitolar as mães numa verdade que precisamos passar por ela para saber se é nossa verdade! Aliás, não existe somente 1 verdade, cada um tem a sua. Eu sei o quanto eu chorei ao ver minha filha mamando desesperada, quase engasgando com o bico da mamadeira! Não aguento mais essas mulheres cheias de si, impondo o que foi bom para elas (às vezes nem para elas), sem pensar nas consequencias que isso pode trazer!

Aliás, nós, mulheres somos muito cruéis umas com as outras. Adoramos criticar, julgar, culpar as outras mulheres. Quando se trabalha fora, está abandonando os filhos, quando não se trabalha, é dondoca sustentada pelo marido, quando o filho fica doente, a mãe que não amamentou, quando o filho faz birra, a mãe está educando errado, quando passa a tarde no cabeleleiro, é perua, quando o cabelo fica sem corte, é desleixada.

Viva e deixe viver, cada um tem sua verdade. Como eu disse lá no episódio da vizinha, sou muito grata à ela me mostrar como eu não quero viver, não quero ficar criticando ela aqui, mas veja como isso já se tornou uma coisa tãããão comum!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

11 ANOS DE RETRABALHO

Hoje fazem 11 anos que eu comecei no trabalho antigo. De presente, ganhei uma atualização em um desenho que eu já tinha usado, então lá vou eu, limpar as bases, corrigir os blocos nas cores erradas, apagar textos que não são necessários e deixar textos importantes.... trabalho de formiguinha.

Como as escolas técnicas sumiram e você pode fazer arquitetura ou engenharia civil em qualquer fundo de quintal, sobrou para os formados em cursos superiores, principalmente aqueles sem "paitrocínio", o trabalho sujo. Não tem gente capacitada para trabalhar na produção e há um grande desrespeito por parte dos gigantes ultra poderosos por projetistas. Eu poderia dizer que projetistas são tratados como os operários da obra. De jeito nenhum desmerecer os operários da obra, eu que não queria estar no lugar deles comendo poeira o dia inteiro, sem falar nos riscos de acidentes. Mas eu ralei bastante para conseguir a porcaria do diploma universitário e gostaria de ser tratada melhor que sou tratada agora. Não pelos meus chefes diretos, mas pelos gigantes que não se importam em gerar retrabalho, já que o projeto é tão barato para eles.

Tão barato para eles e tão caro para quem contrata o projetista. Posso dizer que minha remuneração é ótima (principalmente morando numa cidade pequena onde os salários são tão baixos...). Isso causa um grande stress psicológico, porque como eu vou deixar isso para fazer craft (aquilo que me dá prazer), se eu posso ganhar muito mais dinheiro, fazendo projeto (aquilo que me faz infeliz).

Ainda quero acreditar que isso é uma fase e quero continuar investindo naquilo que me dá prazer, mesmo que eu tenha que trabalhar (com prazer) muito mais e me divertir (?) muito menos.

E não é que a idéia do Lado B até que está fazendo sucesso.... Não vou divulgar este blog, pois como eu disse lá no começo, é o espaço negro da minha vida e ninguém é obrigado a participar disso, mas acho que todo mundo se sente mais tranquilo quando vê que aquela pessoa não é tão cor de rosa assim....
E o pior é que está tão difícil atualizar o Coisas que eu acabei escrevendo de novo aqui. Vou me esforçar para não deixar o Coisas às moscas, até porque, ele abre as portas para o trabalho que me faz feliz.