terça-feira, 30 de março de 2010

Dependência doentia

Sempre achei doentia a dependência entre pessoas. Sempre achei bobagem quando dizem "eu te amo e não posso te perder". Sempre achei típico de pessoas fracas depender de outra pessoa para ser feliz.
Sim, ainda acho doentio e muito perigoso. Diz a psicologia que a gente deve se bastar. Ser feliz por nós mesmas e não pelo outro estar ao nosso lado.
Mas quando o outro não está do meu lado.... ah, eu tenho certeza que vou morrer....
Primeiro tento não pensar no assunto, me ocupo o máximo que eu posso com assuntos que não exijam concentração ou criatividade, quanto mais mecânicos, melhor. Mas com o passar do tempo, o peso vai aumentando e vai ficando impossível controlar. A vontade é de se jogar na cama em prantos e de lá nunca mais sair. Isso aconteceria se eu estivesse só. Mas não estou. Pior: estou acompanhada de uma pequena que super depende de mim para ser feliz e até para se manter viva. Então tento me segurar, me controlar para não assustá-la. Se é que eu consigo. As crianças captam nossas fragilidades no ar e sabem exatamente o que fazer para nos ajudar a lidar com isso.
Então tento me equilibrar porque, se eu não fizer isso logo, vou perder de vez a razão. Normalmente, para isso, eu escrevo. (Aqui está o blog que não me deixa mentir).
E quando escrevo, os monstros e fantasmas vêm à luz e não parecem tão assustadores assim. A razão consegue resgatar seu espaço e o que parecia o fim do mundo mostra que existe algo depois.
Primeiro, assumo a dependência e o quanto esta é patológica. Depois, começo a comparar com alguns casais que conheço e vejo que vários também são assim. Vejo que outros não são assim, aliás, o que fica dá graças à Deus que o outro vai e fica livre dele por uns tempos. Mas normalmente, a dependência vem de outros lugares: dos filhos, da igreja, da mãe. Não é nosso caso.
Enfim, se for doença, eu sofro dela e, paciência, a princípio, pelo menos na hora da crise não há o que fazer.
Aceitando e trazendo para a luz, tudo fica mais leve. Algumas lágrimas escorrem e a filha, sabendo o quanto esse momento é meu, se distrai com outra brincadeira lá no quarto. Já estou mais leve, ele vai voltar, não vai sofrer nenhum acidente, tudo vai voltar ao que era antes. Mesmo que ele não volte por alguma fatalidade, eu sobrevivo. E serei capaz de continar sendo mãe.
Agora consigo levá-la no parque, passear, brincar, fazer nosso almoço. Ainda não dá para criar, concentrar, fazer nada muito elaborado, mas dá para brincar rindo sem chorar.
Tudo passa, ele volta. Conto da minha loucura e ele confessa sofrer do mesmo mal. Pergunto se não acha perigoso, ele concorda e concordamos em encontrar grupos e atividades que nos preencham sempre para não ficarmos fechados na nossa família.
E quem se basta e é feliz somente com a própria presença, que jogue a primeira pedra.

2 comentários:

_Vitinho_ disse...

Ah, é tão bom saber que eu não sou o único que sofre dessa doença! Quem diria que a minha companheira de devaneios sofre do mesmo mal!

Bjs!

_Vitinho_ disse...

Mas, e quando esse medo vira real?
E quando vc percebe o quanto errou e vê q n tem outra chance?
Ai vale se jogar na cama aos prantos, neah?